Londres, 3 fev (EFE).- Pesquisadores da Universidade de East Anglia (Reino Unido), um dos centros acadêmicos de maior prestígio em mudança climática, ocultaram erros na compilação de dados que foram fundamentais para consolidar a teoria da influência humana no aquecimento global. Foi o que informou ontem o jornal britânico "The Guardian", que leva novamente ao centro da polêmica o professor Phil Jones, o responsável da Unidade de Mudança Climática (CRU) da citada Universidade, em torno da que se gerou o chamado "Climagate" às vésperas da cúpula de Copenhague realizada em dezembro passado.O roubo de uma série de e-mails a Jones revelou, segundo os céticos sobre a mudança climática, que foram ocultadas informações ao Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) para não criar dúvidas sobre o efeito do dióxido de carbono (CO2) na temperatura do planeta.O que "The Guardian" acrescenta agora é que milhares de e-mails e documentos da Universidade que também foram pirateados demonstram que uma série de medições de temperaturas feitas em estações meteorológicas na China continha graves erros que foram ocultados de maneira intencional.Segundo essa informação, Jones não divulgou os erros cometidos por alguns de seus colaboradores, o professor Wei-Chyung Wang, da Universidade de Albany (Estados Unidos), apesar de outros colegas terem lhe advertido que tinham se equivocado.Essas supostas tentativas de ocultar erros nos dados sobre temperatura na China demonstram, segundo o jornal britânico, a relação entre o "Climagate" e o IPCC, já que um estudo baseado nessas medições equivocadas contribuiu para que o IPCC advertisse sobre os perigos imediatos da mudança climática.A informação chega em um momento delicado para o IPCC, acusado também recentemente de não ter comprovado com o devido rigor os dados de uma pesquisa que previa que todas geleiras da cordilheira do Himalaia derreteriam até 2035."The Guardian" ressalta que a Universidade de East Anglia rejeitou sistematicamente os pedidos de divulgar os documentos elaborados pela Unidade de Mudança Climática dirigida por Jones até dezembro.Os dados em questão são uma série histórica obtida em estações meteorológicas na China sobre as variações de temperatura no último meio século. Eles apareceram pela primeira vez publicados na revista científica "Nature" e foram utilizados pelo IPCC como um dos elementos-chave de sua hipótese.A metade das estações estava situada em zonas rurais e a outra metade em zonas urbanas. A conclusão do estudo publicado em 1990 foi que o aumento das temperaturas registrado na China era consequência de um fenômeno global de mudança climática e não do aquecimento produzido pelas cidades.O IPCC se baseou nestes dados para concluir em seu relatório de 2007 que a influência das grandes aglomerações urbanas no aumento da temperatura da atmosfera é pequena.O que revelam também os e-mails aos quais teve acesso "The Guardian" é que o ex-diretor da Unidade de Mudança Climática da Universidade de East Anglia Tom Wigley pôs sérias dúvidas sobre o fundamento científico do estudo, divisor de águas nas pesquisas sobre mudança climática.Em uma das mensagens enviadas naquela época, Wigley perguntava a Jones: "Você confia plenamente em W-CW (Wang). Por que, por que e por que não disse a ele no início (que houve erros no processo de registrar as mudanças de temperatura)?".O ministro do Meio Ambiente britânico, Ed Miliband, comentou sobre a polêmica neste domingo em declarações a "The Observer". Ele alertou contra os 'cantos da sereia' que negam que a mudança climática seja uma realidade."Acho um erro que, quando se comete um equívoco, este seja aproveitado de algum modo para impedir uma evidência arrasadora", disse o ministro.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Nova comissão analisa vazamento de e-mails sobre aquecimento global
O pesquisador Michael E. Mann está às voltas com a acusação de ter minado a fé pública na ciência do clima
Washington - Uma comissão acadêmica de inquérito apurou longamente a acusação de má conduta feita a um climatologista da Universidade do Estado de Pensilvânia, mas será convocado um segundo júri para determinar o quanto o comportamento do pesquisador minou a fé pública na ciência da mudança climática, comunicou a Universidade.
O cientista, Dr. Michael E. Mann, esteve no centro de uma disputa que surgiu com a divulgação não-autorizada de mais de mil mensagens de e-mails de funcionários da Universidade de East Anglia, na Inglaterra, sede de uma das primeiras unidades de pesquisa climática do mundo.
O inquérito da Universidade de Pensilvânia, conduzido por três membros eméritos e administradores da instituição, absolveu o pesquisador das acusações mais sérias contra ele, mas não parece ser o suficiente para calar a controvérsia sobre a ciência do clima.
Surgiram novos questionamentos sobre o trabalho do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, do qual Mann era colaborador, desde que as mensagens foram espalhadas, em novembro passado.
A comissão da faculdade alegou, ao anunciar seus resultados, não ter se debruçado sobre a ciência do clima que, segundo a nota divulgada, “é um problema que deve ser deixado para os profissionais do setor”.
Mann foi mencionado em 377 e-mails, incluindo alguns em que as críticas sugerem que ele havia manipulado ou destruído dados para fortalecer sua tese de que a atividade humana estava realmente mudando o clima.
Na mensagem mais conhecida, ele se refere a um “truque” (trick, em inglês) em um gráfico produzido uma década atrás, mostrando mil anos de temperatura estável na superfície da Terra seguidos de uma curva ascendente acentuada no século 20, aparentemente correspondendo a um aumento nos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. O gráfico, chamado de “bastão de hockey”, tornou-se um ícone para os ambientalistas. E foi um fator que influenciou um relatório da ONU de 2001 concluindo que os gases de efeito estufa provavelmente era os responsáveis pela maior parte do aquecimento que vem sendo observado desde 1950.
Em algumas mensagens, Mann se refere a um conjunto de dados de diferentes fontes como um truque. ''Os críticos se centraram no uso do termo e disseram que era uma evidência de que ele e outros cientistas haviam manipulado os dados para chegar às conclusões que queriam. Mas a comissão de inquérito disse que o termo “trick” era usado pelos cientistas e matemáticos para se referir a um “insight”, uma habilidade que permite a resolução de um problema.
As mensagens também continham sugestões de que Mann teria escondido ou destruído mensagens de e-mails e outras informações relativas a um relatório sobre mudanças climáticas para evitar que outros cientistas o questionassem. Foi o próprio pesquisador quem produziu o material em questão (os e-mails), mas a Universidade da Pensilvânia o inocentou das acusações.
“Três das quarto acusações foram indeferidas. Ainda que não haja evidência para consubstanciar a quarta alegação, a administração da Universidade achou melhor convocar um comitê separado, formado por vários cientistas, para resolver qualquer questão remanescente sobre procedimentos acadêmicos” ele escreveu, e completou: “ Era isso que eu esperava, é a “vingança” que eu queria, já que não fiz nada de errado”.
O senador republicano James M. Inhofe, um cético do clima, requisitou uma investigação independente. “Precisamos assegurar aos americanos que seus impostos estão financiando objetivos científicos e não agendas políticas”, disse ele.
O cientista, Dr. Michael E. Mann, esteve no centro de uma disputa que surgiu com a divulgação não-autorizada de mais de mil mensagens de e-mails de funcionários da Universidade de East Anglia, na Inglaterra, sede de uma das primeiras unidades de pesquisa climática do mundo.
O inquérito da Universidade de Pensilvânia, conduzido por três membros eméritos e administradores da instituição, absolveu o pesquisador das acusações mais sérias contra ele, mas não parece ser o suficiente para calar a controvérsia sobre a ciência do clima.
Surgiram novos questionamentos sobre o trabalho do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, do qual Mann era colaborador, desde que as mensagens foram espalhadas, em novembro passado.
A comissão da faculdade alegou, ao anunciar seus resultados, não ter se debruçado sobre a ciência do clima que, segundo a nota divulgada, “é um problema que deve ser deixado para os profissionais do setor”.
Mann foi mencionado em 377 e-mails, incluindo alguns em que as críticas sugerem que ele havia manipulado ou destruído dados para fortalecer sua tese de que a atividade humana estava realmente mudando o clima.
Na mensagem mais conhecida, ele se refere a um “truque” (trick, em inglês) em um gráfico produzido uma década atrás, mostrando mil anos de temperatura estável na superfície da Terra seguidos de uma curva ascendente acentuada no século 20, aparentemente correspondendo a um aumento nos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. O gráfico, chamado de “bastão de hockey”, tornou-se um ícone para os ambientalistas. E foi um fator que influenciou um relatório da ONU de 2001 concluindo que os gases de efeito estufa provavelmente era os responsáveis pela maior parte do aquecimento que vem sendo observado desde 1950.
Em algumas mensagens, Mann se refere a um conjunto de dados de diferentes fontes como um truque. ''Os críticos se centraram no uso do termo e disseram que era uma evidência de que ele e outros cientistas haviam manipulado os dados para chegar às conclusões que queriam. Mas a comissão de inquérito disse que o termo “trick” era usado pelos cientistas e matemáticos para se referir a um “insight”, uma habilidade que permite a resolução de um problema.
As mensagens também continham sugestões de que Mann teria escondido ou destruído mensagens de e-mails e outras informações relativas a um relatório sobre mudanças climáticas para evitar que outros cientistas o questionassem. Foi o próprio pesquisador quem produziu o material em questão (os e-mails), mas a Universidade da Pensilvânia o inocentou das acusações.
“Três das quarto acusações foram indeferidas. Ainda que não haja evidência para consubstanciar a quarta alegação, a administração da Universidade achou melhor convocar um comitê separado, formado por vários cientistas, para resolver qualquer questão remanescente sobre procedimentos acadêmicos” ele escreveu, e completou: “ Era isso que eu esperava, é a “vingança” que eu queria, já que não fiz nada de errado”.
O senador republicano James M. Inhofe, um cético do clima, requisitou uma investigação independente. “Precisamos assegurar aos americanos que seus impostos estão financiando objetivos científicos e não agendas políticas”, disse ele.
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