quarta-feira, 28 de abril de 2010

Mundo está a caminho de ficar 6C mais quente, diz pesquisa


Novos dados sobre as emissões mundiais de CO2 (dióxido de carbono, principal gás causador do efeito estufa) indicam que o planeta está a caminho de esquentar 6C neste século, se não houver um esforço concentrado para diminuir a queima de combustíveis fósseis.
"Existe um abismo claro entre o caminho que estamos seguindo e o que é necessário para limitar o aquecimento global a 2C [nível considerado relativamente seguro por especialistas]", diz Corinne Le Quéré, pesquisadora da Universidade de East Anglia (Reino Unido) e coautora do novo estudo na revista científica "Nature Geoscience". Na atual década, a principal responsável por puxar para cima as emissões é a China, com seu crescimento industrial alimentado pelo carvão mineral. Hoje, o país é o maior emissor do planeta.
No entanto, os EUA ainda respondem pelas maiores emissões per capita: 18 toneladas, contra 5,2 toneladas dos chineses (a média mundial é de 4,8 toneladas). Desde 1982, a humanidade produziu 715,3 trilhões de toneladas de gás carbônico, quantidade que equivale ao total de dióxido de carbono emitido por todas as civilizações que existiram no mundo antes disso.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Erupção de vulcão na Islândia é pequena para aliviar aquecimento global


Grandes erupções vulcânicas já tiveram efeito refrigerador no clima da Terra, mas o recente evento na Islândia é pequeno demais para trazer alívio ao aquecimento global antropogênico, disseram cientistas nesta sexta-feira (16).

O evento marcante desta capacidade de refrigeração vulcânica dos últimos 20 anos ocorreu em 1991, quando o Monte Pinatubo entrou em erupção nas Filipinas, resfriando a superfície terrestre em 0,5ºC no ano seguinte, o suficiente para compensar o impacto dos gases causadores de efeito estufa entre 1991 e 1993.

Um episódio refrigerador menor ocorreu em 1980, quando o Monte Santa Helena, no Estado americano de Washington, teve seu topo pulverizado, um evento que embora tenha sido impressionante, expeliu apenas um décimo do material liberado pelo Pinatubo.

O resfriamento se explica por uma fórmula simples: o vulcão libera grande quantidade de cinzas vulcânicas e dióxido de enxofre, que são transportados para a estratosfera, camada da atmosfera acima da troposfera, a mais próxima da superfície.

Lá, fenômenos físico-químicos criam uma fina camada de partículas esbranquiçadas que, durante meses ou anos, circundam a Terra e refletem parte dos raios solares, impedindo que a radiação atinja o solo.

Escudo

"Basicamente, é como colocar um escudo refletor sobre o pára-brisa do carro, impedindo que o interior aqueça demais", comparou Colin Macpherson, da Universidade Durham University, nordeste da Inglaterra.

Mas ele e outros afirmaram que a erupção do vulcão na geleira Eyjafjallajokull foi pequena demais, não produzindo enxofre suficiente, e sua pluma circundou a uma altitude baixa demais para ter qualquer impacto climático.

Qualquer efeito será "muito insignificante", reforçou, de Genebra, Scylla Sillayo, da Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês).

Menor

"No momento, estamos olhando para algo que é cerca de 100 vezes menor do que o Monte Santa Helena. Na escala em que está agora, é relativamente improvável que tenha qualquer efeito perceptível no clima", explicou Kathryn Goodenough, da British Geological Survey (BGS).

"Com o Pinatubo, as cinzas chegaram a 18.000 metros de altitude nos trópicos", acrescentou Emmanuel Bocrie, do serviço climático francês Meteo France.

"Não é a mesma situação neste caso, onde a pluma está, em média, a 6 mil metros, com picos de 11 mil metros. Além disso, esta é uma parte da atmosfera [a troposfera], onde há ventos potentes, que têm grande efeito dissipador", explicou.

Os cientistas chegaram a afirmar que a erupção da geleira islandesa poderia ter um efeito regional no clima da Europa, mas só se durasse alguns anos.

"Na década de 1780, uma grande erupção no sul da Islândia levou cerca de dois anos e gerou grande quantidade de enxofre", disse Macpherson.

"Isto causou um 'smog' terrível, as colheitas foram afetadas pela chuva ácida e a qualidade do ar ficou realmente muito ruim. Mas foram preciso dois anos [de erupção] para causar este efeito e certamente não estamos confrontados com algo semelhante agora", acrescentou.

Duplo

Outra hipótese é que a atual erupção poderia desencadear outra ainda maior, no vizinho vulcão Katla.

Em 1821-1823, o atual vulcão entrou em erupção e depois se silenciou, e ao fim do ciclo, foi a vez do Katla entrar em erupção.

"As pessoas sugeriram que talvez haja vínculos entre eles, através de fissuras, mas é importante enfatizar que não há provas de que um vá desencadear erupções no outro", disse Goodenough.

De qualquer forma, o resfriamento vulcânico é apenas uma quebra temporária nos efeitos das emissões de gases estufa antropogênicas, apontadas como responsáveis pelas mudanças climáticas.

Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura do planeta aumentou 0,74ºC entre 1906 e 2005. No últimos cinquenta anos deste período, o aquecimento dobrou, com um aumento de cerca de 0,13º C por década.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Aquecimento global pode aumentar desigualdade


Segundo relatório divulgado pelo Bird (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) o dinheiro gasto com ações antiaquecimento global nos países em desenvolvimento são desproporcionais a sua participação nas emissões de carbono e dificultam seus planos para o progresso.

Os recursos utilizados no combate e adaptação às mudanças climáticas nos países de Terceiro Mundo, que serão cerca de US$ 475 bilhões ao ano, poderiam ser destinados a educação, pobreza, entre outros problemas que atingem os países mais pobres. O Banco Mundial induz um debate ao novo acordo de proteção ao clima e uma maior responsabilidade por parte dos países ricos, tanto em relação a investimentos próprios, quanto investimentos, transferência de informações e abatimento das tarifas pagas pelos mais pobres.

“O aquecimento global tem cura. Enfrentá-lo é um papel de todos: cientistas, mídia, países desenvolvidos, em desenvolvimento, e também, seu”.