segunda-feira, 31 de maio de 2010

Terra fica mais quente e coloca espécies em perigo


Ação humana, com emissões de CO2, faz com que temperatura no planeta fique maior


Fábricas queimando carvão, carros usando gasolina, o desmatamento atingindo florestas como a Amazônica: todas essas ações humanas estão causando um fenômeno chamado aquecimento global, que é o aumento da temperatura aqui na superfície da Terra.

Dados do programa norte-americano para mudança climática indicam que a temperatura global vem aumentando em 0,16ºC por década desde 1979 – parece pouco, mas mesmo esses pequenos índices podem ter um efeito devastador na vida na Terra.

O aquecimento global é uma mudança climática causada por vários fatores. Durante os últimos 2.000 anos, o clima da Terra se manteve relativamente estável.

Os cientistas identificaram apenas três grandes turbulências que alteraram dramaticamente o clima, como uma pequena Era do Gelo (1.500 a 1.850), uma anomalia climática durante a Idade Média (900 a 1.300) e a Era Industrial, em que o número de fábricas e indústrias cresceu de modo dramástico, principalmente nos últimos cem anos.

Até o começo da Era Industrial, o efeito estufa era causado por erupções vulcânicas e por mudanças na órbita da Terra, na intensidade do Sol, na concentração de gases do efeito estufa e nas correntes marítimas. Mas, nos últimos anos, os pesquisadores descobriram que a média global de temperatura durante as últimas décadas foi maior que a dos últimos 400 anos.

Evidências também revelam que, em alguns lugares do mundo, as temperaturas foram mais altas durante os últimos 25 anos do que nos últimos 1.100 anos. Os oito anos mais quentes de que se tem registro (desde 1880) ocorreram todos desde 2001, sendo que em 2005 ocorreu o ápice.

"Vilão"

Os chamados gases do efeito estufa são considerados os "vilões" dessa história. Dentre esses gases está CO2 (dióxido de carbono), que é emitido pela queima do carvão (usado para gerar energia nas fábricas, por exemplo) e dos combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel, além de outros processos.

Os gases-estufa são necessários para a vida, já que mantém a superfície da Terra aquecida, mas à medida que a concentração deles aumenta na atmosfera, a temperatura no planeta tem subido no planeta. Essas substâncias impedem que o calor se dissipe, em algo similar ao que os vidros fazem em uma estufa.

Mar alto

Um dos principais efeitos dessa mudança no clima da Terra é a elevação do nível do mar, que poderá inundar uma parte do litoral de todo o planeta. O nível do mar vem aumentando 1,7 mm por ano nos últimos cem anos, uma velocidade maior do que a média de milhares de anos.

Dependendo do aumento dos gases do efeito estufa, os cientistas dizem que o mar poderia subir entre 18 cm e 59 cm nos próximos anos. Isso pode ter um efeito catastrófico: o IPCC (Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas) diz que, se houver um aumento como esse, as ilhas Maldivas, um paradisíaco arquipélago localizado ao sul da Índia, podem se tornar inabitáveis.

O governo local já cogita inclusive comprar um território em outra região do mundo para "fugir" do aquecimento global.

Pragas

O aumento da temperatura também devem interferir diretamente na saúde da população, principalmente no que se refere a doenças que aparecem em regiões mais quentes do planeta e são transmitidos por mosquitos e outros insetos, como dengue, malária e febre amarela. O IPCC afirma, por exemplo, que a população que vive sob o risco dos mosquitos do gênero Anopholes, que transmitem malária, podem crescer em até 400 milhões no próximo século.

Também devem ocorrer mais doenças respiratórias, já que o aquecimento deve acelerar a ocorrência do chamado smog fotoquímico, que aumenta a concentração de ozônio na superfície da Terra – a substância agride o tecido do pulmão, sendo especialmente prejudicial para a asma outras doenças pulmonares.

Espécies de plantas e animais também serão afetados por esse processo, já que a temperatura é um aspecto importante para os processos biológicos das espécies.

O IPCC afirma que entre 20% e 30% das espécies analisadas podem estar em risco de extinção caso as temperaturas médias da Terra aumentem entre 2ºC e 3ºC nos próximos cem anos, em relação aos níveis existentes antes da Revolução Industrial.

Com esse cenário, há um debate político sobre metas para reduzir as emissões de CO2 na Terra, mas os países ainda não chegaram a um acordo sobre as metas e os prazos de redução – há uma discussão sobre a responsabilidade dos países desenvolvidos, acusados de serem os responsáveis históricos por esse processo, e as nações em desenvolvimento sobre quem deve adotar regras mais rígidas para a emissão de gases do efeito estufa.

O IPCC recomendou em seu relatório de 2007 que países desenvolvidos cortassem entre 80% e 95% de suas emissões até 2050, para evitar mudanças climáticas "desastrosas".

O próximo capítulo dessa batalha está marcado para dezembro em Copenhague, na Dinamarca, quando os países vão discutir a adoção de um acordo para o corte de emissões.

A reunião deve discutir um tratado que substitua o de Kyoto, firmado em 1997 e que expira em 2012 – o acordo previa metas para reduzir as emissões as emissões de países desenvolvido, mas poupava os em desenvolvimento, como o Brasil, o que reduziu muito os seus efeitos. Além disso, os Estados Unidos não assinaram o protocolo, tornando-o ainda mais ineficaz.

Com o novo tratado, espera-se conseguir um acordo com mais países, com o objetivo de evitar que a temperatura da Terra aumente mais de 2º em relação aos níveis pré-industrial – acima deste nível, é esperado que as consequências da mudança climática sejam irreversíveis.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Aquecimento global pode destruir 20% dos lagartos do planeta até 2080


WASHINGTON (AFP) - O aquecimento global poderá provocar a extinção de 20% da população de lagartos do planeta até 2080, segundo uma pesquisa internacional divulgada nesta quinta-feira.

O desaparecimento de grande parte destes animais provavelmente teria repercussões notáveis sobre a cadeia alimentar e o ecossistema, ressaltaram os cientistas.


Os lagartos são presas importantes para diversas aves, serpentes e outras espécies, além de predadores de insetos, explicaram os autores do estudo, divulgado na revista americana Science de 14 de maio.


O trabalho realizado por Barry Sinervo, professor de Ecologia e biólogo da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz (oeste), foi baseado num amplo estudo sobre as populações de lagartos no mundo e sobre os efeitos do aumento da temperatura terrestre desde 1975.


Com base nestas observações, elaboraram um modelo que permite prever o risco de extinção, explicou.


O modelo permitiu prever com exatidão zonas específicas nas Américas do Norte e do Sul, na Europa, na África e na Austrália onde populações de 34 famílias diferentes de lagartos, estudadas anteriormente, tinham efetivamente sido extintas.


Com base nessas probabilidades, o risco de que essas espécies desapareçam foi estimado em 6% para 2050 e 20% para 2080.


Já que a extinção destas populações está diretamente relacionada ao aquecimento global, limitar as emissões de dióxido de carbono é essencial para impedir o desaparecimento destas espécies no futuro.


"Trabalhamos muito para validar o modelo computadorizado que mostra bem que as extinções de lagartos ocorrem devido ao aquecimento e não pelas perdas de seus hábitats", indicou Barry Sinervo.


O desaparecimento de lagartos foi constatado primeiro na França, seguido do México, onde 12% das populações locais entraram em extinção.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Derretimento da Groenlândia se acelera


O degelo está se acelerando na segunda maior massa de gelo do mundo, a Groenlândia, que nos últimos nove anos perdeu 1,5 trilhão de toneladas de água- o suficiente elevar o nível do mar em mais de 4 milímetros. O número é apontado em um estudo publicado na edição de hoje da revista "Science", liderado por Eric Rignot, geocientista da Nasa.
"Nenhuma notícia boa por aqui. Sinto muito", disse o cientista em entrevista à Folha. Segundo ele, a aceleração do derretimento se verifica desde 2006 em um nível sem precedentes. Isso pode ser apenas uma oscilação normal -em alguns anos o gelo derrete mais, em outros menos. Mas, se for uma tendência, trata-se de mais um sinal de que o planeta está esquentando rápido.
Jefferson Simões, glaciologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, diz que não se trata de mero acaso. "É preciso ver que esse não é um estudo isolado, existem várias outras evidências científicas, tudo vai se somando."
Os números, de qualquer forma, impressionam. Nesta década, as regiões que mais derreteram, aquelas próximas ao oceano, chegaram a perder mais de uma tonelada de água -uma caixa dágua cheia- por metro quadrado por ano.
Outro dado novo é sobre o destino do gelo perdido. Cerca de metade dele se transforma em icebergs, perdendo contato com a Groenlândia. A outra metade se torna lagos de água líquida sobre a superfície de gelo, dizem os cientistas.
Além de servir como sinal de aquecimento, o derretimento do gelo tem uma consequência imediata a elevação do nível dos mares e, com isso, o alagamento de regiões litorâneas.
Se a Groenlândia derretesse por completo, os oceanos subiriam sete metros -uma catástrofe global para áreas costeiras. Nem os pesquisadores mais pessimistas, entretanto, acreditam que isso acontecerá.
O estudo na "Science" pode forçar uma revisão das previsões de 2007 do painel do clima da ONU (o IPCC) sobre o assunto, dizem os cientistas.
Estimava-se que os mares, na pior das piores hipóteses, subiriam no máximo 58 centímetros até 2100. "Levando em conta o novo cenário, eu diria que existe uma real possibilidade de ultrapassarmos esse valor", diz Jonathan Bamber, físico da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e um dos coautores do estudo.
"O valor da ONU é muito pequeno. Infelizmente, o gelo está derretendo rápido. Eu estou preocupado", diz Rignot.

Falta a Antártida
Para ter certeza que não estavam cometendo erros, os cientistas utilizaram dois métodos diferentes. Um deles usou dados obtidos em solo, outro, via satélite, e os resultados estavam de acordo um com outro.
Para saber com precisão o que vai acontecer com o planeta no futuro, será necessário fazer algo similar com a Antártida. Apesar de o continente gelado ter 90% do gelo mundial -e, portanto, ser muito mais decisivo do que a Groenlândia-, sabe-se relativamente pouco sobre o degelo por lá.
Ainda não existe para a Antártida um estudo como este que sai agora na "Science", diz Simões. "É o único local onde ainda não está clara a situação, ela é a grande incógnita."
Os cientistas sabem que a Antártida está passando por um aumento de temperatura e que vem perdendo gelo. Mas ainda é difícil quantificar.
"Sabemos que a região mais central e alta está tranquila, estável, se alguém falar que está mudando é bobagem. O nosso receio é que os derretimentos que estão ocorrendo no norte da península Antártica se espalhem", diz Simões.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Terremoto do Chile encurtou os dias na Terra e mudou o eixo da Terra, diz Nasa


Cientistas afirmam, no entanto, que devem aguardar maior refinamento dos dados para que ter resultados definitivos



Washington (EUA) - Cientistas da Agência Espacial Americana (Nasa), afirmam que o terremoto de magnitude 8,8 que atingiu o Chile no dia 27 pode ter reduzido a duração dos dias na Terra. Segundo a Nasa, o terremoto deve ter encurtado a duração de um dia na Terra por cerca de 1,26 microssegundo (um microssegundo é a milionésima parte de um segundo). Os responsáveis pelo estudo fazem parte da equipe do cientista Richard Gross e realizaram um cálculo por meio de complexo modelo computadorizado sobre como o abalo teria modificado a rotação do nosso planeta.

O dado mais impressionante levantado no estudo é sobre o quanto o eixo da Terra foi deslocado pelo terremoto. Gross calcula que o abalo sísmico deve ter movido o eixo do planeta (o eixo imaginário sobre o qual a massa da Terra se mantém equilibrada) por 2,7 milisegundos (cerca de 8 centímetros). Esse eixo da Terra não é o mesmo que o eixo norte-sul.

O cientista afirma que o mesmo modelo computadorizado foi usado para estimar que o terremoto de magnitude 9,1 que atingiu Sumatra em 2004 deve ter reduzido a duração do dia de 6,8 microsegundos e deslocado do eixo da Terra em 2,32 milisegundos (cerca de 7 centímetros).

Segundo o cientista, apesar do terremoto chileno ter sido muito menor do que o terremoto de Sumatra, prevê-se que ele tenha alterado mais a posição do eixo da Terra por dois motivos. Primeiro, ao contrário do terremoto de Sumatra localizado perto do equador, o terremoto chileno aconteceu nas latitudes abaixo dele, o que o torna mais eficaz na mudança do eixo do planeta. Em segundo lugar, a falha responsável pelo terremoto Chileno foi mais profunda e em um ângulo ligeiramente mais acentuado do que a falha responsável pelo terremoto de Sumatra. Isso faz com que a falha no Chile seja mais eficaz para deslocar verticalmente a massa da Terra e, portanto, mais eficaz na sua mudança de eixo.

Os cientistas afirmam, porém, que devem aguardar maior refinamento dos dados para que ter resultados definitivos.