domingo, 24 de janeiro de 2010

Mundo está a caminho de ficar 6C mais quente, diz pesquisa


Novos dados sobre as emissões mundiais de CO2 (dióxido de carbono, principal gás causador do efeito estufa) indicam que o planeta está a caminho de esquentar 6C neste século, se não houver um esforço concentrado para diminuir a queima de combustíveis fósseis."Existe um abismo claro entre o caminho que estamos seguindo e o que é necessário para limitar o aquecimento global a 2C [nível considerado relativamente seguro por especialistas]", diz Corinne Le Quéré, pesquisadora da Universidade de East Anglia (Reino Unido) e coautora do novo estudo na revista científica "Nature Geoscience". Na atual década, a principal responsável por puxar para cima as emissões é a China, com seu crescimento industrial alimentado pelo carvão mineral. Hoje, o país é o maior emissor do planeta.No entanto, os EUA ainda respondem pelas maiores emissões per capita: 18 toneladas, contra 5,2 toneladas dos chineses (a média mundial é de 4,8 toneladas). Desde 1982, a humanidade produziu 715,3 trilhões de toneladas de gás carbônico, quantidade que equivale ao total de dióxido de carbono emitido por todas as civilizações que existiram no mundo antes disso.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Emissões de metano do Ártico saltam 30% em 4 anos


Esta foi a região do mundo que teve maior aumento de emissão; fato pode indicar descongelamento.



OSLO - As emissões de um potente gás causador do efeito estufa pela região ártica saltou 30% em anos recentes, num preocupante sinal de que o aquecimento global poderá liberar enormes estoques de metano aprisionados no solo congelado, dizem cientistas.

Ártico esquenta enquanto hemisfério norte segue congelando

"Ainda é cedo para dizer que se trata de uma tendência, mas se continuar desse jeito, haverá sérias implicações", disse Paul Palmer, pesquisador da Universidade de Edimburgo e que está entre os autores do estudo sobre emissão de metano por áreas alagáveis.

A elevação de 30,6% nas emissões do Ártico, no período 2003 a 2007, para cerca de 4,2 milhões de toneladas, foi o maior ganho porcentual para qualquer região alagável, segundo trabalho publicado na revista científica Science. O estudo foi feito em conjunto por pesquisadores da Escócia e Holanda.

As áreas alagáveis do Ártico respondem por a apenas 2% das emissões globais de metano desse tipo de local, que é mais comum nos trópicos. Mas muitos especialistas apontam para o risco de que a mudança climática venha a derreter o permafrost - o solo congelado - que retém bilhões de toneladas de metano, um gás causador do efeito estufa mais potente que o dióxido de carbono.

"É uma advertência que os cientistas vêm dando há algum tempo: o que estamos vendo são sinais do aquecimento global", disse Palmer. A maior parte das áreas alagáveis do Ártico estão na Sibéria e no Canadá.

Entre os gases do efeito estufa gerados por atividade humana, o metano é o que mais contribui para o aquecimento global, depois do dióxido de carbono. Embora seja mais potente, o metano é produzido em muito menor quantidade.

As temperaturas do Ártico estão subindo muito mais rapidamente que a média global. O recuo das capas de gelo expõe o solo e a água, mais escuros e, por isso, capazes de reter mais calor, acelerando o processo.

As emissões de metano globais têm sido imprevisíveis - o estudo destaca que as concentrações na atmosfera mantiveram-se relativamente estáveis de 1999 a 2006, com um crescimento renovado em 2007. Os anos de estabilidade ficaram "largamente inexplicados", diz o texto na Science.

As emissões de áreas alagáveis representam cerca de um terço das emissões globais de metano, de 540 milhões de toneladas, disse Palmer. Outras fontes significativas são combustíveis fósseis, gado e plantações de arroz.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Terra e Humanidade: uma comunidade de destino


Temos que começar o ano com esperança pois urge fazer frente ao clima de revolta e de frustração que significou a COP 15 de Copenhague. Seguramente, o aquecimento global comporta graves consequências. No entanto, numa perspectiva mais filosofante, ele não se destinaria a destruir o projeto planetário humano mas obriga-lo a elevar-se a um patamar mais alto para que seja realmente planetário. Urge passar do local ao global e do nacional ao planetário. Se olharmos para trás, para o processo da antropogênese, podemos seguramente dizer: a crise atual, como as anteriores, não nos levará à morte mas à uma integração necessária da Terra com a Humanidade. Será a geosociedade. Neste caso, estaríamos então, face a um sol nascente e não a um sol poente. Tal fato objetivo comporta um dado subjetivo: a irrupção da consciência planetária com a percepção de que formamos uma única espécie, ocupando uma casa comum com a qual formamos uma comunidade de destino. Isso nunca ocorreu antes e constitui o novo da atual fase histórica. Inegavelmente há um processo em curso que já tem bilhões de anos: a ascensão rumo à consciência. A partir de geosfera (Terra) surgiu a hidrosfera (água), em seguida a litosfera (continentes), posteriormente a biosfera (vida), a antropofesfera (ser humano) e para os cristãos a cristosfera (Cristo). Agora estaríamos na iminência de outro salto na evolução: a irrupção da noosfera que supõe o encontro de todos os povos num único lugar, vale dizer, no planeta Terra e com a consciência planetária comum. Noosfera como a palavra sugere (nous em grego significa mente e inteligência), expressa a convergência de mentes e de corações dando origem a uma unidade mais alta e complexa. O que, entretanto, nos falta é uma Declaração Universal do Bem Comum da Terra e da Humanidade que coordene as consciências e faça convergir as diferentes políticas. Até agora, nos limitávamos a pensar no bem comum de cada pais. Alargamos o horizonte ao propor uma Carta dos Direitos Humanos. Esta foi a grande luta cultural do século XX. Mas agora emerge a preocupação pela Humanidade como um todo e pela Terra, entendida não como algo inerte, mas como um superorganismo vivo do qual nós humanos somos sua expressão consciente. Como garantir os direitos da Terra junto com os da Humanidade? A Carta da Terra surgida nos inícios do século XXI procura atender a esta demanda. A crise global nos está exigindo uma governança global para coordenar soluções globais para problemas globais. Oxalá não surjam centros totalitários de comando mas uma rede de centros multidimensionais de observação, de análise, de pensamento e de direção visando o bem viver geral. Trata-se apenas do começo de uma nova etapa da história, a etapa da Terra unida com a Humanidade (que é a expressão consciente da Terra). Ou a etapa da Humanidade (parte da Terra) unida à própria Terra, constituindo juntas uma única entidade una e diversa chamada de Gaia ou de Grande Mãe. Estamos vivendo agora a idade de ferro da noosfera, cheia de contradições. Mas mesmo assim, cremos que todas as forças do universo conspiram para que ela se firme. Para ela está marchando nosso sistema solar, quem sabe a inteira galáxia e até este tipo de universo, pois, segundo a teoria das cordas, pode haver outros, paralelos. Ela é frágil e vulnerável mas carregada de novas energias, capazes de moldar um novo futuro. Talvez a noosfera seja agora somente uma chama tremulante. Mas ela representa o que deve ser. E o que deve ser tem força. Tende a se realizar.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Perspectivas 2010: cariocas podem ter um meio ambiente melhor

RIO - Há um mês, às vésperas da Conferência de Copenhague, a Prefeitura do Rio de Janeiro assumiu o compromisso de enfrentar, aqui, o impacto do aquecimento global. Foi a primeira cidade brasileira a passar recibo, concretamente, de um drama mundial que, diagnosticado há quatro décadas, ainda desafia a inteligência e o bom senso da comunidade internacional.
O programa Rio Sustentável se propõe a reduzir em 8% até 2012 as emissões de poluentes em relação aos patamares de 2005. Até a Olimpíada de 2016, serão 16% de redução, chegando a 20% em 2020. O Rio Como Vamos é co-signatário deste compromisso, encarregado de monitorar o cumprimento das metas estabelecidas. Essas metas incluem o fechamento do aterro sanitário de Gramacho, em Duque de Caxias, o incentivo ao uso de energia limpa e as mudanças no sistema viário que substituirá parte dos ônibus a diesel por veículos movidos a biocombustível.
São boas notícias, são políticas que fazem sentido, há muito reivindicadas pelos ambientalistas. Mas nenhum programa governamental – e essas metas são de responsabilidade do poder público – será suficiente se não houver um envolvimento decisivo da sociedade carioca. Nenhum governo resolverá os problemas da cidade sem a participação ativa da população. Isso vale para todas as áreas da administração pública mas, sobretudo, para o que concerne ao meio ambiente.
Tomemos um exemplo: o ar poluído, carregado de CO2, agrava as doenças respiratórias. O Sistema de Indicadores do RCV (Rio Como Vamos), baseado em dados do SUS, mostra que a incidência de internações de crianças com infecção respiratória aguda, nos hospitais do Rio, é impressionante.
Ora, todos ajudamos a poluir o ar. O motor de um carro desregulado contribui para isto. Regule o motor de seu carro. Plante uma árvore, elas ajudam a filtrar o ar que respiramos. Não jogue detritos nas ruas e, em casa, separe o lixo para reciclagem. São gestos simples, que estão ao alcance de todos, que melhoram, e muito, a qualidade de vida na cidade.
Copenhague foi uma decepção. O que só aumenta o sentido de urgência e a importância da participação de cada um. Não dá para esperar mais quatro décadas até que os governos se ponham de acordo. É preciso entender, de uma vez por todas, que nada mudará sem que cada um chame a si a responsabilidade pela mudança.
Esse é o verdadeiro rosto da política contemporânea. Uma política enraizada no cotidiano. Esse é o rosto do Rio Como Vamos, que aposta na construção de uma cultura cidadã, que não dependa apenas de ações governamentais – ainda que as exija e as monitore. Uma cultura capaz, ela mesma, de produzir resultados no dia a dia.
A população carioca já entendeu a importância de cobrar das autoridades um governo com metas. Pouco a pouco, a sociedade começa a se tornar atenta à necessidade de monitorar o seu cumprimento. Resta agora interiorizar a convicção que cada gesto nosso, no cotidiano, nunca é inofensivo, é para o bem ou para o mal da cidade. Contribui ou inviabiliza o cumprimento dessas metas. E sempre será um gesto político.