domingo, 3 de janeiro de 2010

Perspectivas 2010: cariocas podem ter um meio ambiente melhor

RIO - Há um mês, às vésperas da Conferência de Copenhague, a Prefeitura do Rio de Janeiro assumiu o compromisso de enfrentar, aqui, o impacto do aquecimento global. Foi a primeira cidade brasileira a passar recibo, concretamente, de um drama mundial que, diagnosticado há quatro décadas, ainda desafia a inteligência e o bom senso da comunidade internacional.
O programa Rio Sustentável se propõe a reduzir em 8% até 2012 as emissões de poluentes em relação aos patamares de 2005. Até a Olimpíada de 2016, serão 16% de redução, chegando a 20% em 2020. O Rio Como Vamos é co-signatário deste compromisso, encarregado de monitorar o cumprimento das metas estabelecidas. Essas metas incluem o fechamento do aterro sanitário de Gramacho, em Duque de Caxias, o incentivo ao uso de energia limpa e as mudanças no sistema viário que substituirá parte dos ônibus a diesel por veículos movidos a biocombustível.
São boas notícias, são políticas que fazem sentido, há muito reivindicadas pelos ambientalistas. Mas nenhum programa governamental – e essas metas são de responsabilidade do poder público – será suficiente se não houver um envolvimento decisivo da sociedade carioca. Nenhum governo resolverá os problemas da cidade sem a participação ativa da população. Isso vale para todas as áreas da administração pública mas, sobretudo, para o que concerne ao meio ambiente.
Tomemos um exemplo: o ar poluído, carregado de CO2, agrava as doenças respiratórias. O Sistema de Indicadores do RCV (Rio Como Vamos), baseado em dados do SUS, mostra que a incidência de internações de crianças com infecção respiratória aguda, nos hospitais do Rio, é impressionante.
Ora, todos ajudamos a poluir o ar. O motor de um carro desregulado contribui para isto. Regule o motor de seu carro. Plante uma árvore, elas ajudam a filtrar o ar que respiramos. Não jogue detritos nas ruas e, em casa, separe o lixo para reciclagem. São gestos simples, que estão ao alcance de todos, que melhoram, e muito, a qualidade de vida na cidade.
Copenhague foi uma decepção. O que só aumenta o sentido de urgência e a importância da participação de cada um. Não dá para esperar mais quatro décadas até que os governos se ponham de acordo. É preciso entender, de uma vez por todas, que nada mudará sem que cada um chame a si a responsabilidade pela mudança.
Esse é o verdadeiro rosto da política contemporânea. Uma política enraizada no cotidiano. Esse é o rosto do Rio Como Vamos, que aposta na construção de uma cultura cidadã, que não dependa apenas de ações governamentais – ainda que as exija e as monitore. Uma cultura capaz, ela mesma, de produzir resultados no dia a dia.
A população carioca já entendeu a importância de cobrar das autoridades um governo com metas. Pouco a pouco, a sociedade começa a se tornar atenta à necessidade de monitorar o seu cumprimento. Resta agora interiorizar a convicção que cada gesto nosso, no cotidiano, nunca é inofensivo, é para o bem ou para o mal da cidade. Contribui ou inviabiliza o cumprimento dessas metas. E sempre será um gesto político.

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