segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Após criticas EUA e China falam em acordos para COP-15 em Copenhagen


iFolha de S. Paulo - Raul Juste Lores e Claudio AngeloEstados Unidos e China, os dois maiores poluidores do planeta, anunciaram ontem em Pequim que aceitam estipular metas para emissão de gases causadores do efeito estufa.O comunicado dos presidentes Barack Obama e Hu Jintao foi feito dois dias depois que as duas potências decidiram enterrar a cúpula do clima de Copenhague, marcada para dezembro, propondo que seu resultado seja só um acordo político, sem efeito legal.Ontem, Obama afirmou que não quer só uma declaração de intenções em Copenhague."Nossa intenção não é de um acordo parcial ou uma declaração politica, mas sim um acordo abrangente, que tenha efeitos imediatos", disse Obama, em entrevista coletiva com Hu.Não deu mais detalhes e perguntas não foram permitidas.No comunicado conjunto, os presidentes disseram que o acordo em Copenhague deve incluir metas para redução de emissão de gases-estufa para os países desenvolvidos e um plano de ação para reduzir as emissões de países em desenvolvimento. E que o diálogo entre os dois países inclui assistência financeira a países em desenvolvimento e a promoção de novas tecnologias, além de proteção a florestas tropicais.Hu disse que China e EUA concordaram e expandir a cooperação em energia e mudança climática para "ajudar a produzir um resultado positivo na conferência de Copenhague".A China e os EUA respondem, juntos, por 40% das emissões de gás carbônico do globo. Sem compromissos ambiciosos de redução por parte de ambos, nenhum acordo terá efeito.E os EUA não estão indo a lugar nenhum. Apesar de ter feito do clima uma prioridade de sua campanha, Obama depende, para agir, da aprovação da lei de mudanças climáticas pelo Senado, que só deve acontecer em 2010. Sem EUA, não há China.Além disso, há outros obstáculos ao acordo, principalmente no tocante ao financiamento do combate à mudança climática nos países pobres.A própria anfitriã da cúpula do clima, a Dinamarca, sucumbiu. Seu premiê, Lars Rasmussen, propôs um acordo "politicamente vinculante", que deixaria o pacto legal para 2010.Ontem, no final de uma reunião de ministros de 44 países em Copenhague, que incluiu o Brasil, a ministra do Clima da Dinamarca, Connie Hedegaard, fez as vezes de otimista."Houve um mal-entendido por alguns de que estivéssemos querendo um acordo parcial. Não é nosso plano. Nós queremos entregar respostas para todos os problemas principais, e também queremos um mandato para tentar dar forma legal a tudo isso", afirmou. Hedegaard citou como exemplo de vontade política a meta brasilleira de cortar até 39% das emissões em relação à trajetória em 2020."Um acordo político não sobreviverá à próxima eleição, à próxima recessão ou ao próximo desastre natural", criticou Kim Carstensen, do WWF. "O que nós precisamos é de um acordo legal." Segundo ele, há tempo. "Os rumores sobre a morte de Copenhague foram enormemente exagerados."Mas outros países ricos já aceitaram o acordo político."Nós queremos um tratado legalmente vinculante, queremos obtê-lo em Copenhague. Mas, na prática, isso não será possível em Copenhague, então queremos números e metas de redução de emissões. Também queremos números para financiamento", disse Aled Williams, porta-voz do Departamento de Energia e Clima do Reino Unido. Os britânicos querem que os líderes também estabeleçam em Copenhague um prazo para o acordo final.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Aquecimento global pode ser maior que o esperado, diz estudo

Cientistas americanos dizem que temperatura subirá 2 graus mesmo se emissões de CO2 não aumentarem.
WASHINGTON - O aumento da quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera pode ter um efeito muito maior na temperatura do mundo do que se acreditava até agora, adverte um estudo publicado neste sábado pela revista "Nature Geoscience".
Segundo cientistas da Universidade da Califórnia e da Universidade de Yale, a análise de sedimentos em diferentes partes do mundo revelou que um pequeno aumento do CO2 produziu uma elevação substancial da temperatura há cerca de cinco milhões de anos, quando era 3 ou 4 graus centígrados superior à atual.

O CO2 e outros gases estufa apanham o calor na atmosfera, o que aumenta a temperatura do ar e do mar e propicia mudanças relativamente imediatas nos níveis de vapor de água na atmosfera, nas nuvens e no gelo marinho.

As mudanças produzem modificações de longo prazo na superfície das plataformas de gelo continentais, na vegetação em terra e na circulação oceânica. Christina Ravelo, professora de ciências oceânicas da Universidade da Califórnia, explica que tudo isso leva a um aumento adicional da temperatura global.

"Isso diz que os componentes mais lentos do sistema da Terra podem ampliar o efeito das pequenas mudanças na composição do gás estufa na atmosfera", afirmou.

Mark Pagani, professor de geofísica e geologia da Universidade de Yale, indicou que o estudo revela que o clima da Terra é mais sensível ao dióxido de carbono atmosférico do que o que se discute nos círculos de política.

"Como não há indicação de que o futuro será diferente do passado, devemos esperar uns 2 graus de aquecimento mesmo se mantivermos as concentrações de CO2 ao nível atual", disse.

Os cientistas chegaram a essa conclusão ao descobrirem nos sedimentos que, durante o começo e meados do Plioceno (há entre três e cinco milhões de anos), quando as temperaturas eram pelo menos 2 ou 3 graus superiores às atuais, a concentração de COW na atmosfera era igual aos níveis de hoje.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Culpa do homem no aquecimento global

A Humanidade é responsável pelas alterações climáticas. Esta parece ser a única constatação a ter unanimidade em Copenhaga. Quanto ao resto, só há esboços.
Salvo Estados Insulares, que querem limitar o reconhecimento do aumento da temperatura global a 1,5°, todos os ppaíses aceitam os estudos científicos que indicam que é preciso limitar o aquecimento global a 2° C em relação ao nível pré-industrial, há cerca de 150 anos, mas isso implica uma redução de 50 por cento das emissões de gases com efeito de estufa, até 2050, pelos níveis de 1990.
Mas é quanto à partilha das reduções que os países não se conseguem entender. Segundo o relatório confidencial da ONU, de dia 15, os compromissos actuais só representam uma redução de 16 por cento até 2050, o que se traduz num aumento da temperatura de 3°.
Com este aumento o Planeta fica em risco, abre-se a porta a todas as catástrofes ligadas às alterações climáticas. Para travar o aquecimento global, o pico das emissões situa-se nos anos precedentes e até 2020.
Para isso, é preciso dinheiro, para os países em desenvolvimento e para os países mais pobres, que também são mais afectados pelas mudanças climáticas.
Não há dúvidas quanto ao financiamento a curto prazo: 7 mil milhões de euros de 2010 a 2012.
E depois vão ser necessários 70 mil milhões de euros por ano sem que as fontes de financiamento se tenham estabelecido.
Para complicar ainda mais, é preciso constituir um fundo de dois mil milhões de euros para lutar contra a desflorestação, prometido pela Austrália, França, Japão, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Custos Climáticos: risco à saúde


O alto consumo de carbono da humanidade poderá arruinar a saúde humana, na medida em que um planeta em aquecimento só aumenta a possibilidade de ocorrências meteorológicas extremas, doenças e desnutrição em todo o mundo, como nunca antes.


Durante muitos séculos a queima de combustíveis fósseis trouxe benefícios à humanidade. O desenvolvimento industrial e a urbanização significaram crescimento econômico, melhor nutrição, maior renda e serviços de saúde aprimorados. Hoje as pessoas vivem mais e levam uma vida mais confortável do que antes.Porém, os nossos netos talvez não tenham a mesma sorte. O consumo desenfreado de combustível fóssil é a maior ameaça à saúde humana neste século. Estimular uma economia movida a carbono, assim como dar esteróides a um atleta, é um grande risco para a saúde no longo prazo.Esse é o terrível dilema enfrentado pelos países emergentes cujas populações são as mais vulneráveis à mudança climática. Compreensivelmente, eles buscam melhorar a saúde pública por meio de um maior desenvolvimento. Porém, nesse processo eles poderão angariar problemas de saúde para as futuras gerações.A mudança climática já mata mais de 300.000 pessoas por ano, afirma o Fórum Humanitário Global (GHF), e essa quota anual vai atingir meio milhão em 2030. Mesmo esses números, provavelmente, subestimam a ameaça por causa das complexas interações entre clima, meio ambiente, pobreza e saúde.Clima radical Nos últimos dez anos – a década mais quente já registrada – ocorreram em média 350 desastres por ano relacionados ao clima, segundo a Cruz Vermelha, contra cerca de 200 desastres por ano na década de 1990.Temperaturas em elevação significam ondas de calor, como a que em 2003 matou mais 30.000 pessoas, sobretudo idosos europeus, e elas se tornarão comuns na metade deste século.Não só o envelhecimento das populações, mas também a urbanização crescente só faz piorar a situação. O efeito de ‘ilha de calor urbana’¹ fez muitas vítimas em 2003, quando as temperaturas noturnas permaneceram elevadas na França e na Alemanha, impossibilitando o organismo dos idosos de se recuperar.O desgaste pelo calor, assim como problemas cardiovasculares e respiratórios farão muito mais vítimas, à medida que os níveis de calor e de smog² se elevarem em conjunto. Vai ser pior ainda para as pessoas vulneráveis em países mais quentes do terceiro mundo.
Um planeta em aquecimento é sinônimo de maior frequência e intensidade das tempestades e inundações destruidoras. Estas não apenas matam e ferem pessoas diretamente, mas também espalham disenteria e cólera, pois a população é forçada a beber água contaminada.Os pobres, que vivem em moradias precárias e sem acesso aos serviços de saúde, são mais vulneráveis. A crescente urbanização no mundo em desenvolvimento muitas vezes expõe as pessoas a ainda mais riscos de saúde relacionados ao clima, tais como deslizamentos de terra e inundações. Enquanto o furacão Katrina fez cerca de 1.800 vítimas, o Ciclone Nargis que atingiu Mianmar matou cerca de 150 mil pessoas.Propagação de Doenças Doenças transmitidas por mosquitos, tais como malária, dengue e o vírus do Nilo Ocidental poderiam prosperar sob as condições mais quentes e úmidas que irão se instalar em certas áreas devido à mudança climática – por exemplo, nas terras altas da África oriental. O ar mais quente retém mais umidade, favorecendo transmissores de doenças como os mosquitos.”Mordidas de mosquitos são mais frequentes em altas temperaturas, mas o mais importante é que as temperaturas elevadas aceleram o desenvolvimento do parasita da malária dentro do mosquito”, explica Diarmid Campbell-Lendrum da organização Mundial da Saúde (OMS).Os mosquitos poderiam ser dizimados nas áreas que se tornarem mais secas devido à mudança de clima, como o Sahel. Porém, no geral, um aumento de 2 graus centígrados na temperatura, provavelmente fará com que mais 40 a 60 milhões de pessoas sejam expostas à malária na África, segundo o Relatório Stern.
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Doenças propagadas pela água, como cólera, disenteria e febre tifóide, poderiam aumentar, diz Campbell-Lendrum, porque as bactérias se multiplicam mais rápido em temperaturas mais quentes. Elas também podem se tornar mais preponderantes em áreas onde a escassez de água e o fluxo reduzido dos rios contribuem para o surgimento de algas. Se os níveis de água baixarem, o risco de contaminação dos rios e aqüíferos vai aumentar, enquanto as enchentes podem ser igualmente perigosas se os contaminantes forem levados para as nascentes de água.Ainda mais preocupante, diz Anthony Costello, Diretor do Institute for Global Health (IGH) da Universidade de Londres (UCL), é a possibilidade de que uma reviravolta no equilíbrio ecológico possa desencadear infecções e vírus desconhecidos. “Quando eu me diplomei em medicina, se você me dissesse que haveria uma nova doença sexualmente transmissível que iria matar 50 milhões de pessoas, eu não teria acreditado. Mas aí estão o HIV e a AIDS.”A próxima pandemia mortal poderia ser resultante da destruição do ecossistema pelo homem, pois estamos extinguindo espécies e reduzindo a biodiversidade. “Algumas espécies são ‘bons’ hospedeiros de doenças, outras não”, explica Costello. “Se perdermos mais hospedeiros ruins do que bons hospedeiros, o risco de transmissão de doenças aumenta.”Desnutrição As enfermidades proliferam não só com as temperaturas em ascensão, mas também por causa da fome. Corpos mal nutridos têm sistemas imunológicos mais fracos e são mais suscetíveis a infecções e vírus, e mães famintas dão à luz bebês fracos e abaixo do peso.A mudança climática vai dificultar a produção de alimentos suficientes para alimentar de forma adequada a crescente população mundial. O resultado das colheitas em todo o mundo em desenvolvimento irá, em média, diminuir à medida que a água se tornar escassa. Isso gera insegurança alimentar, mas não pelas razões óbvias.”Fome e desnutrição estão mais vinculadas aos preços dos alimentos do que à disponibilidade de alimentos, explica Costello. “Mesmo pequenas mudanças nas colheitas podem elevar os preços verticalmente. Segundo a UNICEF, a fome já atinge o maior nível em 40 anos no sudeste da Ásia. “Os preços dos alimentos subiram junto com os preços do petróleo, mas não acompanharam a sua queda.”Por conta disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que quase 60% dos 10 milhões de crianças com menos de 5 anos que morrem todo ano sofreram de desnutrição. A alteração do clima poderia causar, anualmente, a morte de até 250 mil crianças a mais no sul da Ásia e na África subsaariana, calcula o Relatório Stern.Para os ricos, a mudança de clima vai tornar a vida mais desagradável, desconfortável e cara. Para os pobres, ela poderá significar a diferença entre vida e morte.editor: James Tullochdata da edição:13/07/2009¹ Ilha de calor urbana (ICU): designação do aquecimento climático maior nas áreas urbanas em relação às áreas rurais vizinhas. O efeito ‘ilha de calor’ nos países frios ou temperados é mais marcado no período noturno. ² A palavra “Smog” é uma junção de duas palavras da língua inglesa: “smoke” e “fog”, respectivamente, fumaça e neblina. Smog é um fenômeno que ocorre principalmente nas grandes cidades, se caracterizando como a mistura de gases, fumaça e vapores de água, formando uma grande massa de ar.